Há poetas aos quais se dá muita importãncia porque são muito importantes. Há poetas aos quais não se dá muita importância porque são demasiado importantes, e passam por nós com palavras belas mas escondidas, num pudor de serem lidas pela pessoa incerta. É assim Daniel Filipe. É assim a poesia de Daniel Filipe.
(por favor ao som de "Colour my world" dos Chicago)
Ergues-te nupcial, alheia ao lugar exacto onde se inserem
teus nervos, onde espreitam o momento de existir
ignorados espasmos. Só com o estender de braços, reinventas
o mundo, reconstróis, pedra a pedra, o universo familiar,
conhecido antes da noite. Dizes: aqui está uma flor, uma árvore,
um pássaro, o regato
E a flor até aí inexistente
e a árvore até aí inexistente
e o pássaro e o regato até aí inexistentes,
genesiacamente surgem do teu desejo de tê-los
e existem por ti e contigo
e são, ao teu redor, o muro tutelar
e necessário.
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