Era uma vez...Ingrid






>Maravilhosa e eterna...



Cenas do Filme Casablanca.....

Ser português

O que é ser português... não sei, mas suspeito que só um português conseguirá sentir bem a canção do mar.

Quando estou só reconheço



Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.
E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.
Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por cousa esquecida.

Fernando Pessoa

Era uma vez um pintor que tinha um aquário e, dentro do aquário, um peixe encarnado. Vivia o peixe tranquilamente acompanhado pela sua cor encarnada, quando a certa altura começou a tornar-se negro a partir - digamos - de dentro. Era um nó negro por detrás da cor vermelha e que insidioso, se desenvolvia para fora, alastrando-se e tomando conta de todo o peixe.



O problema do artista era este: obrigado a interromper o quadro que pintava e onde estava a aparecer o vermelho do seu peixe, não sabia agora o que fazer da cor preta que o peixe lhe ensinava.(...)
Ao meditar acerca das razões porque o peixe mudara de cor precisamente na hora em que o pintor assentava na sua fidelidade, ele pensou que, lá de dentro do aquário, o peixe, realizando o seu número de prestidigitação, pretendia fazer notar que existia apenas uma lei que abrange tanto o mundo das coisas como o da imaginação. Essa lei seria a METAMORFOSE.
Compreendida a nova espécie de fidelidade, o artista pintou na sua tela um peixe amarelo.

Herberto Helder








ALIMENTOS TRANSGÉNICOS

Hoje vamos ao cinema : O Filme? STOREWARS !


Poetas esquecidos

Há poetas aos quais se dá muita importãncia porque são muito importantes. Há poetas aos quais não se dá muita importância porque são demasiado importantes, e passam por nós com palavras belas mas escondidas, num pudor de serem lidas pela pessoa incerta. É assim Daniel Filipe. É assim a poesia de Daniel Filipe.
(por favor ao som de "Colour my world" dos Chicago)





Ergues-te nupcial, alheia ao lugar exacto onde se inserem

teus nervos, onde espreitam o momento de existir
ignorados espasmos. Só com o estender de braços, reinventas
o mundo, reconstróis, pedra a pedra, o universo familiar,

conhecido antes da noite. Dizes: aqui está uma flor, uma árvore,
um pássaro, o regato
E a flor até aí inexistente

e a árvore até aí inexistente

e o pássaro e o regato até aí inexistentes,

genesiacamente surgem do teu desejo de tê-los
e existem por ti e contigo
e são, ao teu redor, o muro tutelar
e necessário.


nós e eles

"Us And Them"

Us and Them
And after all we're only ordinary men

Me, and you
God only knows it's not what we would choose to do

Forward he cried from the rear
and the front rank died
And the General sat, as the lines on the map
moved from side to side

Black and Blue
And who knows which is which and who is who

Up and Down

And in the end it's only round and round and round
Haven't you heard it's a battle of words
the poster bearer cried

Listen son, said the man with the gun

There's room for you inside

Down and Out

It can't be helped but there's a lot of it about

With, without

And who'll deny that's what the fightings all about

Get out of the way, it's a busy day

And I've got things on my mind
For want of the price of tea and a slice
The old man died



POEMA DO AMOR


Este é o poema do amor.



Do amor tal qual se fala, do amor sem mestre.
Do amor.
Do amor.
Do amor.

Este é o poema do amor.

Do amor das fachadas dos prédios e dos recipientes do lixo.

Do amor das galinhas, dos gatos e dos cães, e de toda a espécie de bicho.

Do amor.
Do amor.
Do amor.

Este é o poema do amor.

Do amor das soleiras das portas
e das varandas que estão por cima dos números das portas
com begónias e avencas plantadas em tachos e terrinas
ou de cortinas sujas e tortas

Este é o poema do amor.

Do amor das pedras brancas do passeio
com pedrinhas pretas a enfeitá-lo para os olhos se entreterem,
e as ervas teimosas a nascerem de permeio
e os homens de cócoras a repararem-nas e elas por outro lado a crescerem.
Do amor das cadeiras cá fora em redor das mesas
com as chávenas de café em cima e o toldo de riscas encarnadas.
Do amor das lojas abertas, com muitos fregueses e freguesas
a entrarem e a saírem, e as pessoas muito malcriadas.

Este é o poema do amor.

Do amor do sol e do luar,
do frio e do calor,
das árvores e do mar,
da brisa e da tormenta,
da chuva violenta,
da luz e da cor.
Do amor do ar que circula
e varre os caminhos
e faz remoinhos
e bate no rosto e fere e estimula.
Do amor de ser distraído e pisar as pessoas graves,
do amor de amar sem lei nem compromisso,
do amor de olhar de lado conmo fazem as aves,
do amor de ir, e voltar, e tornar a ir, e ninguém ter nada com isso.
Do amor de tudo quanto é livre, de tudo quanto mexe e esbraceja,
que salta , que voa, que vibra e lateja.
Das fitas ao vento,
dos barcos pintados,
das frutas, dos cromos, das caixas de tintas, dos supermercados.

Este é o poema do amor.

O poema que o poeta propositadamente escreveu
só para falar de amor,
de amor,
de amor,
de amor,
para repetir muitas vezes amor,
amor,
amor.
Para que um dia, quando o Cérebro Electrónico
contar as palavras que o poeta escreveu,
tantos que,
tantos se,
tantos lhe,
tantos tu,
tantos ela,
tantos eu,
conclua que a palavra que o poeta mais vezes escreveu
foi amor,
amor,
amor.

Este é o poema do amor.

=António Gedeão=

Janela aberta















La nuit n'est jamais complète


Il y a toujours puisque je le dis

Puisque je l'affirme

Au bout du chagrin une fenêtre ouverte

Une fenêtre éclairée

Paul Éluard

Génios são os simples

SEM TI















E de súbito desaba o silêncio.

É um silêncio sem ti,

sem álamos,

sem luas.


Só nas minhas mãos

oiço a música das tuas


Eugénio de Andrade - Coração do dia





Oscar Wilde


- Concorda comigo? Quando concordam comigo fico sempre com a sensação que não tenho razão...




Dias

Os dias terríveis são, afinal, as vésperas dos dias inesquecíveis...

Almada Negreiros



Fico à espera...

Vamos à Ópera?



A pior indisciplina

E depois do...telemóvel?

Chegou a minha vez de dizer o que penso do ambiente que se vive nas Escolas. Em primeiro lugar a indisciplina pior que existe nas escolas, não é passível de ser mostrada na televisão. Ela não passa por imagens cheias de movimento e palavrões, empurrões, risos e choros. Ela é a indisciplina que está escondida mas que todos os professores conhecem... os bons, os maus e os péssimos professores, que todos os dias fazem o que podem para a ultrapassar e infelizmente também para a esconder... A indisciplina que se esconde atrás de planos de acompanhamento, planos de recuperação, dificuldades de aprendizagem, falta de hábitos de estudo e toda a panóplia de termos que entrou nas nossas escolas e que tão cedo não sairá... a indisciplina da ausência total de estudo, ausência total de responsabilidade, ausência total de esforço para superar as dificuldades.
Encarregados de educação, alunos, professores e toda a sociedade, fizeram crer a todos, que o ensino tem de ser divertido, "motivador", esquecendo que a maior motivação surge quando há prazer em SABER MAIS em ser MELHOR, em ultrapassar as barreiras que nos colocam pelo esforço e pelo valor.
Os Alunos estudam pouco ou nada; os encarregados de educação apenas os querem ver com SUCESSO, nem que este seja aparente; os professores , pressionados, pois dos resultados dos seus alunos dependerá em breve, em larga medida, a sua progressão na carreira, lutam entre a sua dignidade profissional, a necessidade de progressão, os baixos salários; os sindicalistas , sem compreender minimamente os sentimentos de quem pensam representar, lutando por manter os seus cargos ; os ministros querendo sucesso para poderem dizer que as suas políticas têm resultados positivos e que Portugal está a ultrapassar o atraso que tem relativamente aos países da União Europeia...
E assim, com horas e horas na escola, alegremente anunciadas, como se quantidade fosse qualidade, os alunos são na sua enorme maioria, o que podem ser, os menos culpados da situação ...

A flor mais grande do mundo

E se as histórias para crianças fossem de leitura obrigatória para os adultos?

Para começar bem...

Dava pelo nome muito estrangeiro de Amor, era preciso chamá-lo sem voz - difundia uma colorida multiplicação de mãos, e aparecia depois todo nu escutando-se a si mesmo, e fazia de estátua durante um parque inteiro, de repente voltava-se e acontecera um crime, os jornais diziam, ele vinha em estado completo de fotografia embriagada, descobria-se sangue, a vítima caminhava com uma pêra na mão, a boca estava impressa na doçura intransponível da pêra, e depois já se não sabia o que fazer, ele era belo muito, daquela espécie de beleza repentina e urgente, inspirava a mais terrível acção do louvor, mas vinha comer às nossas mãos, e bastava que tivéssemos muito silêncio para isso, e então os dias cruzavam-se uns pelos outros e no meio habitava uma montanha intensa, e mais tarde as noites trocavam-se e no meio o que existia agora era uma plantação de espelhos, o Amor aparecia e desaparecia em todos eles, e tínhamos de ficar IMÓVEIS E SEM COMPREENDER, porque ele era uma criança assassina e andava pela terra com as suas camisas brancas abertas, as suas camisas negras e vermelhas todas desabotoadas. - Herberto Helder "Vocação Animal" - 1967

 


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